A atividade física no combate à depressão

Primeiramente, vale dizer que nós,
Psicólogos Analistas do Comportamento, não entendemos a depressão como
uma doença que assombra o ser humano. Quando falamos em “mal do século”
parece que a sombra, o castigo fantasmagórico da peste negra medieval
paira sobre nós, mas não estamos mais na idade média para pensar dessa
maneira. Que esperança esse tipo de ideia dá para as pessoas? Nenhuma. É
essa forma de encarar as coisas que pode fazer com que as mudanças
necessárias para evitá-las não ocorram. O ser humano tem o dom da
superação. Nossa história é prova disso. Nós compreendemos a depressão
como um rótulo que se dá para um conjunto de comportamentos e que esse
rótulo padronizado funciona para facilitar um tratamento também
formatado. Como não concordamos com isso, por razões científicas e
clínicas, tomamos outro caminho.
Os “sintomas” da depressão são
comportamentos, como quaisquer outros. Esses comportamentos ocorrem e
são mantidos por alguma razão. Eles têm uma função na vida das pessoas.
Pensem comigo: uma pessoa é depressiva por que é sempre triste, ou ela é
sempre triste por que é depressiva? Nem uma e nem outra coisa. Como
dizia o psicólogo norte-americano Skinner, as pessoas ficam tristes
porque algo de ruim acontece com elas. A tristeza não é apenas coisa da
cabeça. E quando isso ocorre elas agem: uns se levantam, ou seguem
adiante, outros se recolhem. A atividade física, no meu consultório, é
“receita” comum como complemento ao tratamento psicoterapêutico. Por
que? Porque ela é, simplesmente, a oferta de um mundo diferente. É um
contexto positivo para as pessoas e suas buscas, para que elas exercitem
novos comportamentos e alterem de modo salutar aquilo que julgam
necessário mudar em suas vidas. Prático assim.
Ficar em casa chorando é o mesmo que não
estar na rua sorrindo, então uma hidroginástica junto com um grupo
animado pode proporcionar alegria, novas amizades, sensações físicas de
bem-estar, alterar as perspectivas em relação aos problemas da vida.
Comer, engordar e se achar menos atraente que os outros, ou não comer e
ficar muito magro significa a mesma coisa que não estar em forma e
radiante, por isso, uma caminhada, correr, malhar é também uma maneira
de não ter mais um motivo para sofrer.
Você pode ler os outros artigos que
publiquei e entender ainda mais os benefícios psicológicos da atividade
física para todos nós. O exercício também produz uma série de reações
fisiológicas positivas que afetarão o cérebro combatendo a depressão.
Mas, aqui, o que mais frisamos é como o exercício físico é exatamente o
oposto dos sintomas da depressão. Estar deprimido é, simbolicamente,
diminuir, se retrair. O “esporte” é, da mesma forma, superar, crescer,
se expandir.
A vida social do deprimido entra em
processo de quase extinção, uma vez que ou ele se isola, ou acaba se
utilizando do encontro com os colegas para desabafar, falar de suas
tristezas e dores. Muitas pessoas se afastam de gente que ESTÁ assim,
por não saber como ajudar. Por isso é muito importante o papel do
psicólogo esportivo no trabalho em conjunto com profissionais da
Educação Física e do Esporte; e pela mesma razão o trabalho destes
profissionais é tão importante para o psicólogo: saber identificar as
necessidades das pessoas; as que precisam de um pouco mais de incentivo,
ou um pouco menos ou mais de exigência, de um papo leve e um ambiente
alto astral. Esse é o diferencial de um profissional em qualquer área.
Isso é uma característica de um líder. Ao mesmo tempo em que, no
consultório, o psicólogo comportamental ajuda a pessoa a sair de casa e
se colocar diante das situações, ele também precisa que essas situações
sejam relativamente favoráveis, entendem onde quero chegar?
Durante o treino não há muito espaço
para lamentar, é preciso se concentrar na bola que vem chegando e na
“tacada” certa. É mais difícil pensar em coisas ruins da vida externa
quando precisamos contar quantas vezes estamos subindo e descendo uma
barra com pesos, dando braçadas numa piscina, ou quando precisamos
defender um golpe no tatame. Na academia que frequento toca música
animada, geralmente tem pessoas sorrindo, os professores são gentis e em
várias paredes está escrito: “LUGAR DE GENTE FELIZ”.
Não afunde nas sombras das lembranças,
não ajoelhe diante do caos, não tenha esperança em encontrar o
desespero. Lute!!! Saia da cama. “Mas, Maurício, e se eu sair para
beber?” Bom, o que a bebida faz com nossa cabeça? Relaxa nosso nível de
consciência, entre outras coisas. O que isso tem de diferente de ficar
deitado, dormindo por horas? Nada. Você obterá um alívio momentâneo e
correrá o risco de ficar pior. Não se renda. Você pode ficar muito maior
que seus problemas, pois tenho certeza que, no fundo, você já É assim.
Além de toda alegria e autoestima, o exercício físico pode nos
proporcionar saúde e beleza. Será que vale a pena?
EXERCITE-SE!!!
No comments:
Post a Comment